Os sindicalistas explicam que, há décadas, a data-base de aeroviários e aeronautas é 1º de dezembro. "Nos últimos anos, as empresas, em um flagrante e total desrespeito aos usuários e trabalhadores, apesar de receberem as reivindicações dentro do prazo estabelecido, insistem em estender as negociações pelo mês de dezembro, chegando a colocar em risco o planejamento das férias escolares e natalinas de todos os usuários do Transporte Aéreo. A iniciativa de antecipar a entrega da pauta se dá nesse sentido, "de uma atitude responsável dos trabalhadores de entregar a pauta com antecedência para que o sindicato patronal a encaminhe às empresas e as negociações fluam com o respeito e agilidade necessária", ressaltam.
A demora das empresas em apresentar sua contraproposta e chegar a um consenso com os trabalhadores leva a negociação até a véspera de Natal e ano novo, impedindo os trabalhadores de encerrarem a campanha antes do ínicio da alta temporada. Os passageiros são os mais prejudicados com o clima de tensão, mas são usados pelas empresas para prejudicar a imagem dos sindicatos de trabalhadores. Os funcionários das companhias aéreas, que já sofrem com o aumento da demanda e a sobrecarga de trabalho nesta época, são os mais prejudicados. Eles, que já enfrentam os problemas com overbooking e atrasos nos voos e a falta de explicações das empresas para os usuários, acabam sendo ainda mais pressionados em razão da campanha salarial, que é usada como desculpa pelas companhias para esconder suas falhas.
A intenção dos sindicatos, entregando a pauta antecipadamente, é garantir a data-base e evitar qualquer iniciativa das empresas de atrasar a negociação, além de afastar o acirramento das negociações e a possibilidade de greve este ano. Cabe agora às empresas apresentarem uma posição com propostas de aumento salarial justo para seus funcionários.
Além dos itens econômicos, que englobam salários, pisos, cesta básica, seguro de vida e diárias, entre outros, os trabalhadores aeronautas e aeroviários propõe ampliação de direitos sociais a fim de aumentar a licença maternidade e garantir benefícios iguais para parceiros de mesmo sexo.
Categorias estão engajadas na campanha
A entrega da pauta, este ano, foi feita pela direção dos sindicatos e da Fentac/CUT e por trabalhadores da base, para simbolizar o engajamento das categorias nas negociações. "A intenção é deixar claro para a direção das companhias aéreas que os trabalhadores estão engajados na luta", ressaltou Selma Balbino, presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários.
Aeronautas e aeroviários defendem um índice de reajuste salarial de 13%, que representa as projeções da inflação até a data-base e o crescimento da produtividade das empresas.
“As condições econômicas do setor nunca estiveram melhores. Esse aumento não irá impactar muito as empresas, mas será muito relevante para os seus funcionários”, diz Selma. Os dirigentes sindicais ressaltam que não aceitarão discutir reajuste salarial equivalente à inflação, sem aumento real para os trabalhadores. "O trabalhador quer ver reconhecido o seu grande esforço e sua parcela de responsabilidade no crescimento do setor aéreo", afirmam os sindicalistas.
Os aeronautas lutam por pisos com base no salário mínimo do Dieese, de R$ 2.278,77, sendo um para comissários, um e meio para mecânicos de voo e dois para pilotos. Os aeroviários defendem aumento dos pisos de cerca de 20% e criação de dois novos pisos: para operadores de equipamentos de viatura e despachantes de check-in e de aeroporto. Também são defendidas diárias de R$ 54,00 e cesta básica de R$ 300,00 para aeroviários e aeronautas, esta última, independente da faixa salarial do trabalhador, o que amplia o benefício. Os aeronautas pedem ainda diárias internacionais definidas em dólar ou euro (conforme a região no exterior), pagamento das horas de deslocamento terrestre, anuênio, previdência complementar e jornada semanal limitada a 40 horas, entre outras reivindicações.
A pauta foi aprovada por unanimidade pelos trabalhadores em assembleias realizadas nas bases dos sindicatos, de 8 a 13 de setembro, em todo o país. A campanha é unificada, reunindo aeronautas e aeroviários que estão, desde já, em estado de assembleia permanente até a assinatura das convenções coletivas.
Veja as fotos da entrega da pauta ao SNEA
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