Na matéria, não são ouvidos os dois lados, mas há uma explicação para isso. Primeiro, o site do Sindicato é sim um espaço de comunicação declaradamente parcial, cujo objetivo é o diálogo entre a entidade e a categoria. Ele não é o G1, ou o portal do Estadão e da Folha. Ele tem partido e tem voz. Não vai ouvir previamente a posição da empresa, ou de seus gerentes, porque o Sindicato não é uma empresa que vende notícia.
O Sindicato existe para defender o interesse dos trabalhadores aeroviários contra a opressão do capital e da mais valia. Para denunciar fatos e enfrentar interesses preservando empregos e a dignidade das pessoas, tomando a frente na disputa que envolve o interesse dos trabalhadores e o das empresas, seja na redução dos riscos de acidentes e doenças ocupacionais, no enfrentamento ao assédio moral e sexual, descumprimento das leis trabalhistas, demissões imotivadas, fraudes, calotes.
E a opinião da categoria em relação às posições do Sindicato são muito bem-vindas sempre, para que a entidade fortaleça-se e fique cada dia mais próxima do trabalhador. Mas não podemos deixar de diferenciar essa opinião daquela propagada pelo outro lado: o patrão e seus aliados. E sabemos que os chefes e gerentes são cargos de confiança que estão lá para dar conta dos interesses do patrão.
É muito bom quando trabalhadores e empresários tocam a mesma música, respeitam-se mutuamente, vestem a camiseta e fazem o empreendimento crescer. E muito fácil acusar o Sindicato e os trabalhadores de por tudo a perder, por falta de visão, por crítica exagerada, ou exigências descabidas. Mas, na prática, o que vemos são disputas de poder, das simples às complexas, francas ou sorrateiras, por princípios nobres ou mesquinhos.
É essa disputa mesquinha, covarde, que aproveita-se da posição de subordinação e fragilidade das pessoas para alimentar egos e carreiras deturpadas que questionamos.
Mas não cabe ao Sindicato inquirir diretamente ninguém, a não ser os representantes das empresas que são designados para debater com a entidade as questões trabalhistas. E é o que fizemos. Tornamos públicas as denúncias, pois são baseadas em dados comprovados pela entidade, e essa é uma ferramenta não para enfraquecer empresas, mas para fortalecer as pessoas que estão em condição semelhante e acuadas. Para que também venham até a entidade informar seus problemas, para que o Sindicato possa tomar as atitudes cabíveis. E porque acreditamos sempre na boa-fé das pessoas que chegam à entidade.
A matéria publicada em nosso site não acusou diretamente ninguém, mas expôs uma situação denunciada pela categoria. A exposição se deu na sequência, através dos meios de comunicação internos da empresa, como forma de agredir o Sindicato e seus membros.
Ficamos admirados com a facilidade com que essas calúnias foram disseminadas, pois não esperávamos de uma empresa do porte da Gol um sistema tão vulnerável, tão fácil de ser utilizado para trocar acusações e outras conversas que não parecem próprias ao ambiente corporativo. E preocupados com a coação (constrangimento) promovida por um dos supervisores, que ao que tudo indica exigiu que seus subordinados opinassem verbalmente ou enviassem e-mails apoiando-o. Isto é assédio (cerco, sítio) moral e, portanto, um crime.
Foi igualmente chocante a atitude antissindical e antidemocrática externada por essas pessoas. Outras defenderam o Sindicato, e a situação tomou uma proporção, no mínimo, complicada dentro da empresa.
O papel do Sindicato é a defesa dos aeroviários, com responsabilidade, ética e solidariedade. Se incomodamos, é porque há algo de podre no reino de Cumbica. E parece que foi isso que aconteceu mais uma vez. Não somos um feudo, tampouco o é a Gol. E não colaboraremos com nossa omissão para que isso aconteça.
Em tempo, somos aeroviários, não aeroportuários. Cabe destacar a incapacidade em entender nossa profissão por parte de algumas pessoas.
E a liberdade de expressão e a democracia são bastiões que precisam ser defendidos por todos nós. Se não, vamos deixar que os grilhões da Ditadura, sob nova forma, assumam o comando de nossos corações e mentes mais uma vez.
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