A cidade de Guarulhos, localizada no estado de São Paulo, sediou nos dias 12 a 14 de novembro um importante evento voltado às mulheres trabalhadoras em transportes. Trata-se do 2º Treinamento do Programa "Defensoras das Mulheres" uma iniciativa da ITF (Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes), projeto coordenado no Brasil pelo Sina (Sindicato Nacional dos Aeroportuários), que conta com o apoio da FENTAC (Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil filiada à CUT).
Participaram da atividade mulheres dirigentes dos sindicatos dos aeroviários, aeronautas e aeroportuários do Brasil; Tripulantes de Cabine do Peru e dirigentes do Sindicato das Carreteras (caminhoneiros) da Argentina.
De acordo com Mara Meiry, coordenadora do projeto no Brasil pela ITF, dirigente do Sina e Secretária da Mulher da CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística) essa segunda etapa teve o objetivo de aprofundar o Treinamento iniciado em maio no país.
"Discutimos a importância de inserir cláusulas nas mesas de negociações que possam trazer proteção à violência doméstica. Os próximos passos são concretizar e construir as parcerias com as empresas. No setor aeroportuário temos empresas que já manifestaram interesse porque, além de terem a oportunidade de incentivos fiscais, poderão ser promovidas com um marketing social", explica.
Mara conta também que é importante que os sindicatos mudem suas visões e enxerguem que são agentes de transformação social.
Para a Secretária Geral do Sindigru, Débora Cavalcanti, a troca de experiências foi muita boa com as companheiras da América Latina e da Europa. "Saímos desse Treinamento com a missão de pensar em cláusulas que possam efetivamente proteger as mulheres aeroviárias nos aeroportos", conta.
Ampliar da atuação sindical
O presidente do Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina), Francisco Lemos, elogiou o programa da ITF e destacou que é fundamental que os sindicatos ampliem seu campo de ação e não fiquem apenas nas lutas sobre as condições de salário e benefícios.
"Desafiamos a lei da física para transportar vidas. Hoje temos mulheres pilotando avião, controlando voo e atuando na segurança/operacional nos aeroportos. Imagina essa trabalhadora sofrendo violência doméstica em casa. Isso é inadmissível! Já estamos conversamos com as empresas do setor aeroportuário e vamos debater cláusulas que protejam as mulheres e ajudem a coibir essa violência que é covarde. Hoje em dia com essa conjuntura brasileira que pretende desvalorizar cada vez mais a mulher, os sindicatos precisam valorizar as trabalhadoras", finaliza.
Sobre o Programa
Idealizado pela ITF o Programa "Defensoras das Mulheres" em inglês "Women's Advocacy" existe há mais de 20 anos e começou no Sindicato dos Trabalhadores do Setor de Automóveis do Canadá. Hoje o projeto tem 450 sindicalistas “defensoras” que atuam em muitos locais de trabalho e em vários setores da economia canadense. O Treinamento está ocorrendo no Nepal, Índia, Austrália, Líbia e agora no Brasil e Peru.
As mulheres sindicalistas desses países relatam histórias semelhantes sobre a violência sofrida e o quanto interfere em suas vidas. A meta da ITF é capacitar mais ativistas para criarem um programa sustentável, proporcionando espaços seguros nos locais de trabalho para as mulheres compartilharem suas histórias e buscarem apoio.
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