A conjuntura política turbulenta que o Brasil atravessa e o balanço de dois anos de mandato da FENTAC/CUT marcaram os debates da Oficina de Planejamento da entidade, que começou na quarta-feira (26), no Hotel Transamérica, em São Paulo.
O evento, que termina nesta quinta-feira, reúne dirigentes dos sindicatos filiados dos aeroviários de Guarulhos, Campinas, Recife, Porto Alegre e dos Sindicatos de base Nacional dos Aeroviários, Aeronautas e Aeroportuários. Os trabalhos estão sendo coordenados pela Subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na Federação.
O presidente da FENTAC, o aeronauta, Sergio Dias, que está no seu primeiro mandato (2014/2017) comemora o balanço dos últimos dois anos. “Conseguimos avançar em vários aspectos, principalmente, na consolidação da unidade dos trabalhadores da aviação”, frisa.
O sindicalista pontuou alguns avanços destacando a importância do papel da FENTAC na inserção dos trabalhadores da América do Sul, por meio da parceria com a Federação Internacional dos Trabalhadores em Transporte (ITF), que debateu as lutas regionais do Brasil e dos países parceiros, culminando na criação da Rede Latam (que reúne trabalhadores da Lan e TAM do Brasil e de vários países). “Também avançamos nas Campanhas Salariais, que foram necessárias paralisações dos aeronautas e aeroviários para conquistarmos algo mais e também para manter a reposição da inflação”, explica Dias.
Orisson e Francisco Lemos
Conjuntura política
Os dirigentes dos sindicatos filiados também fizeram uma reflexão sobre o momento de instabilidade política do Brasil. Para o diretor da Federação e do Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos, Orisson Melo, o cenário próximo é preocupante. “Se houver mudança de poder o que pode vir por aí não será favorável à classe trabalhadora, portanto, a nossa Federação ficará atenta e resistirá a qualquer tentativa seja da classe empresarial e de políticos reacionários de tentarem retirar direitos já conquistados com muito suor, luta e sangue dos trabalhadores da aviação e em geral”, alerta.
O presidente do Sindicato Nacional dos Aeroportuários e diretor da Federação, Francisco Lemos, também concorda. “O desafio é conscientizar as nossas categorias porque a maioria dos deputados do Congresso Nacional não tem compromisso com os trabalhadores, muito são bancados por empresários, assim como querem acabar com a nossa democracia, lá eles passarão qualquer projeto penoso aos trabalhadores”, alerta.
Mahatma Ramos
Mercado e terceirização
Durante a Oficina, o técnico do Dieese na FENTA/CUT, o sociólogo e assessor econômico Mahatma Ramos apresentou dados do mercado de trabalho e da indústria da aviação nos últimos 15 anos.
Entre os pontos tiveram destaque o aumento do número de passageiros no transporte aéreo que passou de 34 milhões, em 2000, para mais de 120 milhões, em 2015, o crescimento da demanda do setor em 30% nos últimos quatro anos, enquanto os ganhos reais dos aeronautas e aeroviários ficaram abaixo de 1%, e o fechamento de cerca de 3000 postos de trabalho diretos nos últimos dois anos.
Mahatma chamou atenção sobre a perda dos postos de trabalho e a terceirização. “Isso é fruto de políticas de gestão das empresas que transferiram para as empresas terceirizadas a gestão do trabalho. A consequência disso é a precarização das relações de trabalho o que dificulta a ação sindical, em razão que essas empresas terceirizadas não respeitam os direitos assegurados nas Convenções Coletivas de Trabalho”, explica Ramos.
Os debates da Oficina da FENTAC continuam nesta quinta-feira (28). Os dirigentes vão definir as prioridades do ponto de vista trabalhistas e de organização do setor para o próximo período.
Dirigentes durante a Oficina
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