O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), nega repetidamente haver racionamento de água na capital paulista. No entanto, a população das regiões norte, leste e oeste sofre com a alteração da rotina desde março.
Duas pesquisas recentes apontavam que a população passa por um racionamento de água não declarado. O Instituto Datafolha, em agosto, concluiu que 46% dos paulistanos tinham sofrido interrupção no fornecimento de água, até 30 dias antes. No último dia 2, foi a vez de o Ibope revelar que 38% dos paulistanos tiveram o abastecimento cortado nos últimos três meses. Os dados demonstram que, em alguns lugares, a água não tem chegado regularmente.
Moradores e comerciantes dos bairros de Vila Maria Alta, Jardim Japão e Parque Novo Mundo (zona norte), Jardim Romano (leste) e Jardim Previdência (oeste) relatam que a água “some” todas as noites, entre 19h e 20h. E que as caixas só começam a encher a partir de 5h do dia seguinte, mas quando eles procuram a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) são informados de que não há nada de irregular no fornecimento.
Segundo levantamento da Rede Brasil Atual, ao pensar na causa do problema, as pessoas mencionam a seca que atinge o estado e é “a pior em 80 anos”. Que não chove mais como antigamente. Que o clima está mudando. Poucas responsabilizam o governador Alckmin e a estatal Sabesp.
Imprudência
Dados Instituto de Astronomia e Geofísica da Universidade de São Paulo (IAG-USP) indicam que este foi o período com menos chuvas desde 1969. O pior desde a criação do Sistema Cantareira, em 1973. No entanto, os dados de mananciais disponibilizados pela própria Sabesp já demonstravam que, desde maio de 2013, as chuvas estavam menos intensas do que em anos anteriores. E nada foi feito.
O próprio documento de outorga para captação de água do Cantareira pela Sabesp, de 2004, já definia que a companhia devia realizar ações para reduzir a dependência do sistema. E, em 2009, um relatório elaborado pela Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (Fusp) pontuou que o sistema estava no limite da capacidade de fornecimento.
Sistema Cantareira
O reservatório abastece oito milhões de pessoas nas regiões leste, norte e centro da capital paulista, além de 11 cidades da região metropolitana de São Paulo. Com a crise, admitida em 20 de fevereiro deste ano, o governo paulista ofereceu desconto de 30% na conta para quem reduzisse 20% no consumo de água médio de 12 meses.
Como isso não foi suficiente para que o nível das cinco represas que formam o Sistema Cantareira caísse menos por dia, a média diária é de 0,2%, a solução foi retirar água dos sistemas Alto Tietê e Guarapiranga para suprir parte da demanda do Cantareira. E utilizar o chamado “volume morto”, água que fica abaixo das comportas de saída por gravidade, que serve como sobrevivência do manancial. O esgotamento pode levar à seca irreparável das represas.
Na última sexta-feira (12), o Cantareira atingiu 9,5% da capacidade, contando o volume morto. O governo Alckmin cogita utilizar também o volume morto do Alto Tietê, que chegou ao pior nível da história em agosto. Esse sistema está com apenas 14,1% da capacidade.
Redação SINDIGRU com informações da Rede Brasil Atual
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