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Brasil parado: protestos seguem em 20 estados. Não basta reduzir preço do diesel

Aos poucos as capitais vão sendo abastecidas, porém a categoria segue parada na maioria do país, mesmo após suposto acordo com governo. Caminhoneiros agora querem mudanças na política de preços da Petrobrás

Ao entender que o problema maior é a política de preços dos combustíveis da Petrobrás, adotada por Pedro Parente, presidente da empresa indicado pelo  ilegítimo e golpista Michel Temer (MDB-SP), grupos de caminhoneiros decidiram manter a paralisação que entra no oitavo dia nesta terça-feira (29). Essa afirmação foi feita à reportagem do Portal CUT por caminhoneiros que não quiseram se identificar por receio de retaliações.

Desde julho do ano passado, o preço da gasolina, diesel e gás de cozinha explodiram porque a Petrobras adotou a política de acompanhar o valor internacional do barril de petróleo e a cotação do dólar. Ao compreender isso, vários grupos de caminhoneiros entenderam que, se aceitassem o acordo sugerido domingo passado – de baixar o diesel em R$ 0,46 durante dois meses – o governo aumentaria a carga de impostos e toda a população pagaria a conta. Trocariam um problema por outro, disseram as fontes ao Portal CUT.

Outros grupos de caminhoneiros, segundo as fontes e como também fica evidente nas centenas de mensagens, vídeos e imagens publicadas nas redes sociais, estariam sendo orientados por associações de extrema-direita via WattsApp e também decidiram resistir e não voltar a rodar, mas por pautas políticas que não dialogam com a maioria da sociedade, como intervenção militar.

Quem aceitou o acordo 

O pacote do governo, publicado nesta segunda-feira (28), no Diário Oficial da União, no entanto, agradou às principais entidades que lideram a paralisação e tanto a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) quanto a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que assinaram o acordo com o Executivo, recomendaram a categoria que voltasse a rodar.

Abastecimento

O resultado já pode ser sentido em alguns postos no país, como no Rio de Janeiro e em Brasília, que já têm combustível nas bombas. O abastecimento foi garantido por tropas da Polícia Federal, que escoltaram caminhões-tanque nestas duas capitais.

A normalização do abastecimento em todo o país, porém, permanece distante. Conforme declarações de representante da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) à imprensa comercial, a situação dos estados de Minas Gerais, Rondônia, São Paulo, Roraima, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Sergipe continua delicada. A agência reguladora alertou, ainda, sobre o Porto de Suape, localizado no município de Ipojuca (PE), um grande pólo de abastecimento da região Nordeste.

No sábado (26), por exemplo, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Exército realizaram a escolta de 10 caminhões-tanque carregados com querosene de aviação, para abastecer o Aeroporto Internacional do Recife, na Zona Sul da capital pernambucana. O percurso teve início no Porto de Suape e seguiu em segurança até o terminal aeroportuário, que estava há dois dias sem receber combustível e já havia cancelado mais de 30 vôos, que estavam previstos para sair ou chegar à cidade.

Com quase um milhão de caminhoneiros de braços cruzados desde o dia 21 de maio em todo o país, as prateleiras dos supermercados já estão sem diversos produtos e os postos de combustíveis, mesmo sendo reabastecidos aos poucos, apresentam filas quilométricas de carros desesperados para completar o tanque.

Os oito dias de paralisação derrubaram em 46,5% a oferta de produtos na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). No total, os atacadistas deixaram de comercializar 29.419 toneladas.

Balanço divulgado pelas agências de notícia aponta que ainda há 594 pontos de aglomeração de caminhoneiros em rodovias federais. Não existem vias total ou parcialmente obstruídas e o abastecimento de combustível e o transporte de itens essenciais à população estão sendo restabelecidos aos poucos, sobretudo em aeroportos e para a garantia de serviços públicos essenciais.

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