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Mulheres negras e indígenas saem às ruas contra a violência nesta terça-feira

Marcha das Mulheres Negras em São Paulo denuncia o racismo e a violência que vem se agravando com as reformas "genocidas" do governo Temer e as ações higienistas de Doria

 

Contra as opressões que ainda imperam na sociedade, e com o lema “Por nós, por todas nós, pelo bem viver”, mulheres negras e indígenas de São Paulo saem às ruas nesta terça-feira (25) para denunciar o racismo, o machismo e a violência. 

A iniciativa celebra o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, instituído em 1992 no 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, com o intuito de dar visibilidade à luta de mulheres negras no continente, e o Dia Nacional de Tereza de Benguela, líder do quilombo Quariterê no Mato Grosso em meados do século 18, comemorados nesta terça-feira (25).

As ações são capitaneadas pela Marcha das Mulheres Negras de São Paulo, em articulação com mais de 50 entidades do movimento negro e de mulheres, como o Geledés Instituto da Mulher Negra, União de Negros pela Igualdade (Unegro), Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), Marcha Mundial de Mulheres (MMM), dentre outros. 

"Queremos colocar a pauta do genocídio do povo negro, do feminicídio e do encarceramento em massa no centro do debate político", afirma Juliana Gonçalves, integrante da marcha. Segundo ela, a violência contra as mulheres negras, seja em função da cor, do gênero, da orientação sexual ou por intolerância religiosa, vem crescendo "exponencialmente" nos últimos anos. "Marchamos porque queremos viver."

Foto: Marcha das Mulheres Negras de 2015 – Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Em São Paulo, este é o segundo ano em que as mulheres negras marcam a data. Já em 2015, juntamente com outras organizações nacionais, a marcha reuniu mais de 50 mil mulheres em Brasília.

As mulheres negras se manifestam também contra o governo Temer e seus projetos de reformas que retiram direitos: "Os golpistas impõem uma reforma trabalhista que acaba com a CLT. Mesmo sendo a maioria de trabalhadoras informais, com dificuldade de acesso a benefícios trabalhistas, as mudanças nas leis do trabalho nos atingem porque quando todo mundo perde, nós negras e indígenas perdemos mais que todos", diz um trecho do manifesto das mulheres negras. 

Elas também criticam o projeto de reforma da Previdência, que "vai nos fazer trabalhar até morrer". "A gente chama de reformas genocidas, porque, a longo prazo, vão vitimizar, de maneira definitiva, parcelas da população, e em especial, a parcela preta e pobre", diz a integrante da Marcha. 

Para além dos slogans "Fora, Temer" e "Diretas Já", Juliana reivindica uma democracia de fato: "Hoje, não vivemos numa democracia. Com o golpe, com o Temer, a gente percebe que estamos à parte deste sistema", ressalta Juliana. Ela diz que políticas públicas em saúde e educação, voltadas à população negra, vêm sendo "esvaziadas" pelo governo Temer. 

Em São Paulo, as mulheres denunciam a falta de vagas em creches, falta de medicamentos nas UBSs e cortes no programa Leve Leite, dentre outras medidas da gestão Doria que estão "vilipendiando os direitos das mulheres negras e pobres". Ela também destaca a política higienista e de "criminalização da pobreza", promovidas por Doria contra usuários na Cracolândia e contra moradores de rua, que também colocam a população negra como alvo preferencial. "A pobreza, não só em São Paulo, mas no Brasil, tem cor e sexo: é preta e feminina", diz ela.  

Marcha das Mulheres Negras de São Paulo se concentra a partir das 17h na Praça Roosevelt, no centro da capital paulista. Além das falas políticas, a marcha também conta com atrações culturais, com presenças do grupo Ilú Obá De Min, da DJ Luana Hansen, Mc Soffia, e intervenções artísticas. 

De lá, elas seguem para o Largo do Paissandu, também no centro, onde encerram as mobilizações, que o movimento luta para que seja rebatizado como Largo 25 de Julho, para consolidar as comemorações do Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha. 

Caso queiram e necessitem, as mulheres mães poderão deixar seus filhos pequenos na creche que vai funcionar no Centro de Memória do Circo, na Galeria Olido, na Avenida São João, 473 (sobreloja) – para usar o serviço basta preencher um formulário virtual.

 

Serviço:

Data: 25/07/2017 (terça-feira)

Horário: 17h

Local: Praça Roosevelt – SP

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