O diretor da FENTAC e do Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos (Sindigru), Orisson Melo, participou de Encontro da Rede Sindical Latam da Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes (ITF), em Santiago, no Chile. A atividade foi realizada de 14 a 16 de novembro e contou com a presença de sindicalistas dirigentes da Colômbia, Brasil, Chile, Espanha e Argentina.
Durante a reunião, os dirigentes relataram as práticas de precarização nas relações de trabalho realizadas pela Latam em seus países. No caso do Brasil, Orisson denunciou as demissões, principalmente, dos mecânicos de manutenção de aeronaves com alta experiência, que não estão acontecendo só na Latam, como também em outras companhias aéreas. “As empresas estão substituindo esse profissional por outra função não habilitada. A intenção clara é precarizar a profissão, pagando salário menor para um substituto, para reduzir custos, isso é preocupante porque coloca a segurança de voo em risco”, alerta.
O dirigente da FENTAC também falou sobre a onda de demissões desumanas e imotivadas feitas pela Latam no Brasil e os desdobramentos da Campanha Salarial dos Aeroviários e Aeronautas, cuja data-base é 1º de dezembro. "Entregamos as nossas pautas de reivindicações em 15 de setembro para as empresas aéreas e até agora após três rodadas de negociação não tivemos nenhum avanço. Ao contrário, as empresas ofereceram um reajuste indecente de 4%, que é menos da metade da inflação da nossa data-base, e fizeram uma proposta que retira e piora os direitos conquistados nas nossas Convenções Coletivas de Trabalho. Vamos intensificar a partir das nossas assembleias que acontecerão, no dia 18, em Guarulhos, Recife, Porto Alegre e nas bases do Sindicato Nacional dos Aeroviários a nossa luta em defesa de nossos direitos", explica.
Terceirização e combate ao machismo
A preocupação com a expansão da Dnata no Brasil, empresa auxiliar de transporte aéreo do grupo Emirates, que adquiriu a RM Ground Services e é considerada a maior empresa prestadora de serviços aeroportuários em solo do país também foi amplamente debatido pelos sindicalistas. “O ponto agravante é que a empresa não tem cumprindo as normas trabalhistas no país”, denuncia Orisson.
Segundo os sindicalistas espanhóis, essas empresas da região do Golfo estão implantando uma espécie de escravidão moderna e dificultam as relações sindicais.
A criação de um programa latino-americano de conscientização sobre a violência contra a mulher e de defesa das mulheres no continente foi outro assunto debatido pelos dirigentes.
“ A ideia é ter uma dirigente em cada sindicato da base da rede Latam para cumprir esse papel. Socializei com os companheiros latino-americanos avanços que conquistamos para as mães aeroviárias, citei como exemplo, a ampliação da licença maternidade de 120 dias para 180 dias, que conquistamos após seis meses de difíceis negociações com as empresas aéreas. Outro avanço que socializei foi sobre a aprovação da paridade na nossa central, a CUT, na qual determina que as direções sejam compostas por 50% de homens e mulheres. Nosso país está no caminho certo na luta pela igualdade de oportunidades entre homens e mulheres e queremos que a América Latina siga nessa direção”, explica Orisson.
No término do Encontro, os sindicalistas aprovaram a criação de uma rede de formação de dirigentes do setor para capacitar as direções no sentido de tratar as questões comuns nas regiões.
Ato no Aeroporto
Nesta quarta (16), último dia do encontro, os trabalhadores fizeram uma grande manifestação no aeroporto de Santiago que marcou o lançamento da Confederação dos Trabalhadores Aeroportuários do Chile.
A nova organização reúne cerca de 8 mil trabalhadores e tem como principais bandeiras: a luta por melhores condições de trabalho, contra a terceirização da mão de obra, por mais segurança para os trabalhadores; o direito ao estacionamento sem custo para os funcionários e locais dignos para descanso e alimentação.
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