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Entenda porque o PL 4330 acaba com seus direitos e emprego

Esse nefasto Projeto foi aprovado pela Câmara dos Deputados, que é composta pela maioria de empresários

 O Projeto de Lei 4338 foi aprovado pela Câmara dos Deputados, no dia 8, por 324 votos a favor, 137 contra e duas abstenções. O texto do projeto ainda poderá ser alterado por meio dos “destaques”, que devem ser votados nesta  terça (14). Depois o projeto segue para o Senado.

Hoje, as empresas podem terceirizar as atividades-meio, que não correspondem ao objetivo principal do negócio , como exemplos a portaria, a segurança. No caso da aviação, um exemplo das atividades-fim — essenciais à empresa — são o atendimento/orientação ao passageiro (check-in) que poderá ser terceirizado, ou seja, não será mais um profissional aeroviário, mas sim um terceirizado que fará essa função.



Isso significa que todas as conquistas sociais e econômicas, asseguradas depois de muitas lutas pelos Sindicatos dos Aeroviários cutistas, e isso se estende aos Aeroportuários e Aeronautas, serão perdidas, porque estes trabalhadores passarão a ser representados por empresas terceirizadas, que em nome do lucro, precarizarão os direitos trabalhistas e reduzirão salários.

A CUT, a CTB, a Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra) e o Ministério Público do Trabalho, que se posicionaram contrários em razão que este PL precariza o emprego e acaba com os direitos e com as conquistas sociais dos trabalhadores, além de transformá-los em terceirizados. Confira a seguir nove motivos para se preocupar essa medida: 

1- Salários e benefícios devem ser cortados
O salário de trabalhadores terceirizados é 24% menor do que o dos empregados formais, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

2- Número de empregos pode cair
Terceirizados trabalham, em média, 3 horas a mais por semana do que contratados diretamente. Com mais gente fazendo jornadas maiores, deve cair o número de vagas em todos os setores.

3- Risco de acidente deve aumentar
Os terceirizados são os empregados que mais sofrem acidentes. Na Petrobrás, mais de 80% dos mortos em serviço entre 1995 e 2013 eram subcontratados. A segurança é prejudicada porque companhias de menor porte não têm as mesmas condições tecnológicas e econômicas. Além disso, elas recebem menos cobrança para manter um padrão equivalente ao seu porte.

4 – O preconceito no trabalho pode crescer
A maior ocorrência de denúncias de discriminação está em setores onde há mais terceirizados, como os de limpeza e vigilância, segundo relatório da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Com refeitórios, vestiários e uniformes que os diferenciam, incentiva-se a percepção discriminatória de que são trabalhadores de "segunda classe".

5- Negociação com patrão ficará mais difícil
Terceirizados que trabalham em um mesmo local têm patrões diferentes e são representados por sindicatos de setores distintos. Essa divisão afeta a capacidade deles pressionarem por benefícios. Isolados, terão mais dificuldades de negociar de forma conjunta ou de fazer ações como greves.

6- Casos de trabalho escravo podem se multiplicar
A mão de obra terceirizada é usada para tentar fugir das responsabilidades trabalhistas. Entre 2010 e 2014, cerca de 90% dos trabalhadores resgatados nos dez maiores flagrantes de trabalho escravo contemporâneo eram terceirizados, conforme dados do Ministério do Trabalho e Emprego. Casos como esses já acontecem em setores como mineração, confecções e manutenção elétrica.

7- Maus empregadores sairão impunes
Com a nova lei, ficará mais difícil responsabilizar empregadores que desrespeitam os direitos trabalhistas porque a relação entre a empresa principal e o funcionário terceirizado fica mais distante e difícil de ser comprovada. Em dezembro do último ano, o Tribunal Superior do Trabalho tinha 15.082 processos sobre terceirização na fila para serem julgados e a perspectiva dos juízes é que esse número aumente. Isso porque é mais difícil provar a responsabilidade dos empregadores sobre lesões a terceirizados.

8- Haverá mais facilidades para a corrupção
Casos de corrupção como o do bicheiro Carlos Cachoeira e do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda envolviam a terceirização de serviços públicos. Em diversos casos menores, contratos fraudulentos de terceirização também foram usados para desviar dinheiro do Estado. Para o procurador do trabalho Rafael Gomes, a nova lei libera a corrupção nas terceirizações do setor público. A saúde e a educação pública perdem dinheiro com isso.

9- Estado terá menos arrecadação e mais gasto
Empresas menores pagam menos impostos. Como o trabalho terceirizado transfere funcionários para empresas menores, isso diminuiria a arrecadação do Estado. Ao mesmo tempo, a ampliação da terceirização deve provocar uma sobrecarga adicional ao SUS (Sistema Único de Saúde) e ao INSS. Segundo juízes do TST, isso acontece porque os trabalhadores terceirizados são vítimas de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais com maior frequência, o que gera gastos ao setor público.

Redação  SINDIGRU com Carta Capital 

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