O dia 18 de dezembro de 2014 entrou para a história do ramo dos trabalhadores em transportes da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Dirigentes de sindicatos e federações filiadas dos modais aéreo, viário, mototaxi, marítimo/portuário, ferroviário, metroviário, rodoviário e de cargas de todo País aprovaram a fundação da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística da CUT (CNTTL/CUT).
A assembleia, ocorrida no auditório da CUT, em Brasília, tem a finalidade de regularizar definitivamente a CNTT, que amplia a sua representação para o setor de logística, junto ao Ministério do Trabalho.
Com a fundação, a Confederação passa a representar cerca de seis milhões de trabalhadores em transportes, incluindo os caminhoneiros autônomos e todos do setor de logística do Brasil.
“Hoje é uma passo fundamental para que a nossa Confederação seja regularizada. É uma vitória de todos os trabalhadores brasileiros, independente da modalidade, todos estão contemplados. A nossa Confederação deixará de ser uma instituição com dificuldades pela ausência de regularização, em alguns aspectos como o jurídico, mas politicamente sempre funcionou muito bem. Estamos passando por uma etapa de consolidação e todos os trabalhadores em transportes do Brasil ganharão", enaltece o presidente da CNTTL, Paulo João Estausia, o Paulinho.
Em seu discurso, Paulinho destacou o apoio, o empenho e a parceria da CUT Nacional, na figura do Secretário de Organização da Central, Jacy Afonso – que sempre apoiou a CNTT desde a sua fundação há 26 anos, quando então era o Departamento Nacional dos Trabalhadores em Transportes.
Paulinho também dedicou esse momento histórico da Confederação ao saudoso companheiro e grande liderança, Daladier Nunes de Alencar, falecido em razão de um infarto fulminante em fevereiro deste ano, que era dirigente dos Rodoviários do Distrito Federal, dos Rodoviários da Bahia, além de presidente da Federação Norte Nordeste dos Trabalhadores em Transportes e então tesoureiro da CNTT.
“A ausência do Daladier faz uma diferença muito grande, ele sempre contribuiu e essa vitória também é dele”, disse Paulinho, sob muitos aplausos e lágrimas de todos os dirigentes.
Maior ramo dentro da CUT
Jacy, presente na assembleia histórica, retribuiu o reconhecimento afirmando que com a consolidação da CNTTL, o ramo dos transportes passa a ser um dos maiores organizado dentro da CUT.
“Politicamente a CNTT é representativa e combativa. Esta entidade é a que representa de fato e faz a luta dos trabalhadores em transportes acontecer. Sou testemunha ocular da história deste importante ramo”, frisou, lembrando da sua participação histórica na greve da Oposição cutista dos rodoviários de Brasília, em abril de 1985.
O vice-presidente da CNTTL, Eduardo Guterra, presidente da Federação Nacional dos Portuários (FNP) e secretário adjunto de Saúde do Trabalhador da CUT Nacional, destacou que a CUT tem 18 ramos organizados e fez um breve balanço da participação do ramo dos transportes nas políticas da Central.
“Em três anos participamos de alguns eventos, um deles é o Macrossetor do Comércio e Logística, organizando os caminhoneiros autônomos. Eu e o companheiro Marrom também temos participado de ações para defender os interesses do nosso ramo no Congresso. A fundação da CNTTL significará um avanço muito grande para nós”, disse.
A Secretária da Mulher da CNTT, a aeroportuária, Mara Meiry Tavares de Jesus Amaro, também parabenizou a fundação da CNTTL, mencionando que “quanto maior for a abrangência, mais forte ela será”.
Conjuntura
Os dirigentes também debateram temas da conjuntura política nacional e internacional e socializaram informes de lutas da CUT. Alguns temas abordados foram a importante vitória dos trabalhadores nas eleições para Presidência, a qual venceu nas urnas o projeto democrático e popular, representado pela presidenta Dilma; o enfrentamento da direita representada por parte da mídia que não aceita a vitória dos trabalhadores; os atos pró-cassação do deputado Bolsonaro, que não apenas agrediu a deputada Maria do Rosário, mas também todo o povo brasileiro; a paridade (equilíbrio entre homens e mulheres) nas direções da CUT Nacional e das CUTs estaduais que serão implementados nos congressos das entidades em 2015 e as bandeiras da reforma política com participação popular e da democratização dos meios de comunicação no Brasil.
Outro tema também amplamente debatido foi a realização de um trabalho de conscientização e formação política com a juventude.
Posse da presidenta Dilma
O presidente da CNTTL, Paulinho, e o assessor político da Confederação, Carlos Silvestre, convocaram todos os dirigentes dos sindicatos e federações filiadas dos transportes para participar da posse da presidenta, Dilma Rousseff, em 1º de janeiro de 2015. “Somos soldados da luta, portanto, é fundamental que todos nós estejamos em Brasília nesta data para prestigiar o governo que apoia os trabalhadores”, disse.
Silvestre reforçou que “a luta de classes não acabou e está acirrada e disseminada pelo ódio”. “O Brasil de hoje não é o de dois anos atrás. Temos que ter esta clareza e consciência que a direita está organizada e tem como aliada parte da mídia. Temos que fazer um processo de mobilização permanente para sustentar este governo que está ao nosso lado”, finaliza.
1º Congresso da CNTTL
Outro encaminhamento aprovado na assembleia da CNTTL, em Brasília, é a realização do Congresso Nacional da entidade, que será de 12 a 15 de abril no Centro de Convenções do Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba, em Votorantim.
O Congresso prestará uma homenagem especial ao saudoso companheiro e liderança no ramo do transporte cutista, Daladier Nunes Alencar.
História da Confederação
Fundada em 1989 com o nome de Departamento Nacional dos Trabalhadores em Transportes da CUT (DNTT-CUT), a Confederação é parte da estratégia da Central Única dos Trabalhadores de organizar os trabalhadores por ramo para combater a estrutura oficial pelega. Na época da sua fundação, o Brasil vivia uma fase conturbada marcada pelo enfrentamento político e pelos constantes ataques do governo e da burguesia às ações dos movimentos sindicais e populares. Foi em 1995 que o DNTT transformou-se em CNTT-CUT, entidade que possui hoje mais de 150 sindicatos filiados e oito federações dos modais dos transportes rodoviário, ferroviário, metroviário, mototaxi, portuário, marítimo, fluvial, viário e aéreo, que representam mais de 1 milhão de trabalhadores(as) em todo o Brasil.
No dia 18 de dezembro de 2014, outra data histórica marcante: a assembleia dos trabalhadores em transportes aprovou a ampliação da abrangência representando agora o setor de logística. A sigla da CNTT passa a ser CNTTL, passo importante que consolidará a sua regularização junto ao Ministério do Trabalho.
Viviane Barbosa, Assessora de Imprensa e Comunicação da CNTTL/CUT
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