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“Estado deve adotar políticas mais agressivas contra o trabalho infantil”, afirma CUT

A Central tem ampliado o debate com a sua base sobre o enfrentamento a este grave problema social

O Dia Mundial e Nacional de Combate ao Trabalho Infantil, celebrado em 12 de junho, é um importante momento para conscientizar, debater e propor ações contra esta prática. A  CUT é favor de políticas mais agressivas e direcionadas sobre o tema. “A exploração da mão de obra infantil é a face mais cruel do capital de ampliar lucros e resultados”, condena, Expedito Solaney, secretário nacional de Políticas Sociais da CUT.

O dirigente alerta que no ritmo atual o Brasil não cumprirá a meta de eliminar as piores formas de trabalho infantil até 2015, conforme compromisso assinado junto a ONU (Organização das Nações Unidas) eOIT (Organização Internacional do Trabalho).

“A partir de dados dos últimos três anos é possível verificar que será muito difícil atingir a meta. Vamos pressionar o governo a adotar políticas mais agressivas e direcionadas que de fato levem a uma redução concreta dos atuais números”, disse. O País, por exemplo, conseguiu com quatro anos de antecedência atingir um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio que era o de reduzir a mortalidade infantil.

Campanha mundial Cartão Vermelho ao Trabalho Infantil

Como forma de marcar a data (12 de junho), a OIT em parceria com o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil lançou a segunda etapa da campanha mundial Cartão Vermelho ao Trabalho Infantil.

A campanha resgata o cartão vermelho como tema, mantém o catavento como símbolo e tem por objetivo mobilizar a opinião pública, particularmente no período da Copa do Mundo 2014. Especialmente por ser no Brasil, a campanha deste ano – "Todos Juntos contra o trabalho infantil", terá ênfase na conscientização contra o uso de mão de obra de crianças e adolescentes durante o Mundial.

No bojo do Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Copa do Mundo 2014 válido até o dia 31 de agosto, que abrange os setores hoteleiro e de gastronomia, há também a preocupação com o combate ao trabalho infantil e à exploração sexual. O projeto foi elaborado em conjunto pela CUT e as demais centrais, o setor patronal e o governo federal, representado pela Secretaria Geral da Presidência.

“É uma preocupação nossa com a chegada da Copa. Não admitiremos qualquer tipo de exploração do trabalho infantil, seja dentro ou fora do campo, sem contar nossa luta contra a exploração sexual. Já conversamos com entidades que representam os trabalhadores em outros países para alertar que será tolerância zero no Brasil”, afirmou Solaney.

Valorizar o salário mínimo e investir na educação

Além do aprimoramento das políticas públicas, Solaney aponta duas questões como centrais para intervir na raiz do problema: aumento e valorização do salário mínimo e escola em tempo integral, de qualidade e com um papel mais ativo.

“Essas crianças queriam estar na escola, brincando, se divertindo, curtindo a sua infância e adolescência. Mas são obrigadas a se preocupar com a sobrevivência, em complementar a renda familiar, sem contar o apelo consumista imposto pelo nosso modelo de sociedade que as levam a querer adquirir roupas de marca, novas tecnologias”, contextualizou.

“A rigor, o salário mínimo brasileiro ainda é muito baixo. Segundo estimativa do Dieese o valor nominal e necessário para arcar com todas as despesas deveria girar em torno de 3 mil reais. Com o montante pago hoje (R$ 724,00), a maioria das famílias tem dificuldade para sobreviver e o complemento da renda vem muitas vezes com o trabalho infantil”, disse.

CUT tem ampliado o debate com a sua base sobre o enfrentamento a este grave problema social. Uma das ferramentas de luta é a Cartilha pela Erradicação do Trabalho Infantil,​ cujo mote é: “Lugar  de criança é na Escola!” lançada em 2012.

A Central também possui um termo de cooperação com o Conselho Nacional do Sesi (Serviço Social da Indústria) para a promoção do Projeto ViraVida que busca a inclusão social para jovens e adolescentes vítimas de exploração sexual com foco na geração de emprego e renda.

Trabalho infantil e seus números

De acordo com a Pnad/IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2012, cerca de 3,5 milhões de crianças e adolescentes entre cinco a 17 anos de idade encontram-se sujeitas ao trabalho infantil.

A pesquisa aponta um recuo de 5,41% em relação ao ano anterior. Sedimentados por faixa etária, os dados apresentam o seguinte cenário: 81 mil crianças entre 5 a 9 anos; 473 mil entre 10 e 13 anos e cerca de 3 milhões entre os 14 e 17 anos.

São crianças e adolescentes que não possuem qualquer tipo de representação, sem condições de reivindicar direitos, em situação de vulnerabilidade social e, portanto, tornam-se potenciais alvos do capital.

Fonte: CUT 

 

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